quarta-feira, 25 de maio de 2011

Amai os vossos inimigos

Amai os vossos inimigos”. (Mt 5.44). Esta foi uma das mensagens mais bombásticas de Cristo. É algo inconcebível sob a ótica humana. Muitos têm dificuldade em amar seus próprios cônjuge e filhos o que dirá o inimigo. Honestamente ninguém, senão o próprio Deus poderia ter autoridade suficiente para fazer esta devastadora declaração.

Para exercermos o amor com aqueles que nos perseguem, necessariamente, precisamos da capacitação de Deus. Esta é uma prerrogativa divina, sem a qual é totalmente impossível o cumprimento deste mandamento, que precisa ser arduamente exercitado por todos os cristãos.

se faz necessário compreender o real significado do texto em comento, mesmo porque no grego a palavra “amor” possui vários sentidos, a saber:

§ Eros = do qual deriva a palavra erótico, que significa sentimento baseado em atração sexual, desejo ardente;

§ Storgé = é afeição, principalmente com a família e entre os seus membros;

§ Philos = fraternidade, amor recíproco. Uma espécie de amor condicional do gênero “você me faz bem que eu te faço também”;

§ Ágape = descreve o amor incondicional, o amor de Deus ao homem. É baseado no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca.

Diante do exposto, amar os nossos inimigos não é no sentido de sentimentos, mas em relação ao comportamento que teremos em relação a ele. É algo suplantado por Deus aos nossos corações, mas que precisa de uma decisão para que nosso comportamento seja condizente a este amor.

Esta é a mais desafiadora lição, no âmbito das relações humanas, que precisamos exercitar. O amor é o mais profundo teste do caráter de um homem. Seu padrão deve ser o amor de Deus para conosco, sob a ótica divina, e, sob a nossa, o amor ao próximo como a nós mesmos.

Note que nossa atitude em relação a nós mesmos implica fazer o melhor possível para si. O ser humano busca prover todas as suas necessidades, sejam físicas, emocionais e outras. Assim, amar nossos amigos ou inimigos equivale a transferir para eles o cuidado que cada qual tem por si mesmo.

É verdade que muitas vezes não temos controle sobre nossos sentimentos. Alguém certa ocasião gritou: “sentimentos variam de acordo com que aconteceu na véspera”. Assim, muitos dos nossos sentimentos são transitórios e voláteis, porém, podemos controlar nosso comportamento em relação ao outro. Quantas vezes estamos chateados conosco mas nem por isso, deixamos de nos cuidar? O mesmo pode ser feito em relação ao próximo.

Assim, todo amor verdadeiro é manifestado em ação (1 Jo 3.18), portanto, é uma atitude comportamental que se manifesta sobre o semelhante. E é neste sentido que devemos amar nossos inimigos, não como um sentimento propriamente dito, mas pelo nosso comportamento, assim, Jesus acrescenta na mesma passagem: “amai vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Note, é optar por fazer o bem (orar) não obstante tratar-se de nosso inimigo.

Podemos não gostar (sentimento) de algum colega, mesmo porque ele não nos trata bem, mas podemos decidir agir (comportamento) amorosamente, ou seja, ser paciente, respeitoso, honesto e orar por ele, a despeito da perseguição. Este é o amor que Cristo nos exorta nesta passagem. É a atitude mais sublime do homem, pois é simplesmente o cumprimento da Lei (Rm 13.10).

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